Pará – Dom Eliseu promove festival para celebrar safra recorde de goiaba
Maior produtor de goiaba da Amazônia, o município de Dom Eliseu, sudeste do estado, celebrará a safra recordista, prevista para alcançar as mil toneladas, no I Festival da Goiaba, dias 25 e 26 de junho. O evento, coordenado pela prefeitura em parceria com o escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), acontecerá na rua principal da cidade, Juscelino Kubitschek. Estão sendo esperados mais de 10 mil visitantes. A entrada é franca.
Além de shows noturnos, o Festival terá 16 barracas de produtos de agricultura familiar, onde associações e cooperativas exporão e venderão, a preços módicos, subprodutos da goiaba, como compota, geléia e suco. Os órgãos públicos do setor agrícola e fundiário e empresas privadas do ramo também terão seus estandes: Emater e Secretaria Municipal de Agricultura (Semagri), por exemplo, apresentarão juntas seus trabalhos, dividindo o mesmo espaço.
“Por meio de convênios assinados entre Emater e MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário) e o projeto Agrofuturo, em parceria com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o escritório local vem executando uma série de ações em prol do desenvolvimento do apl (arranjo produtivo local) da goiaba, que vão do Festival a cursos e oficinas, passando pela realização de um Dia de Campo de goiaba irrigada, que provavelmente acontecerá em setembro”, diz o chefe do escritório local da Emater, o engenheiro agrônomo Oduvaldo Oliveira.
O município tem 52 agricultores familiares de goiaba “de transição agroecológica” (cultivadas sob menos defensivos e adubos químicos, em comparação às quantidades utilizadas no sistema convencional), com 130 hectares plantados. Todos os plantadores são financiados pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), com o intermédio da Emater.
A colheita da goiaba no Pará acontece somente nos meses de maio e junho, por conta do período pós-chuva na região, porque a cultura exige água constante no seu ciclo, principalmente nas fases de floração e frutificação. Desde o começo do ano, porém, a Emater tem instalado unidades demonstrativas (uds) de sistemas de irrigação em propriedades familiares para que a produção seja possível o ano inteiro.
“O objetivo é descentralizar a safra”, diz o técnico agropecuário da Emater Raimundo Salazar. Até porque, segundo Salazar, na entressafra o Pará tem que importar goiaba de Pernambuco.
Beneficiamento – Dentro da programação prévia do Festival, inclui-se a realização de um curso de processamento da goiaba, desde segunda-feira (7) até sexta-feira (11), ministrado por técnicos da Unidade Didático-Agroecológico do Nordeste Paraense (UDB) a 30 pessoas – entre produtores e esposas e filhos de produtores.
A idéia é repassar sugestões culinárias e informações sanitárias para a manipulação da polpa da fruta, como o preparo de compotas e de doce cristalizado, já que os agricultores ainda ignoram a possibilidade de beneficiamento, vendendo somente a fruta in natura, para feiras e indústrias de suco.
A Emater espera que a capacitação e o estímulo social para o beneficiamento, inclusive envolvendo todos os membros das famílias rurais (esposas e filhos), gere mais renda, valorize as mulheres e os jovens das comunidades e demonstre os múltiplos usos dos produtos da fruticultura agroecológica.
Outra promoção do Festival, também, será o I Seminário sobre o Agronegócio da Goiaba, dia 25, quando pesquisadores da Embrapa ministrarão palestras sobre temas estratégicos, como packhouses (casas de recepção de frutas, onde elas podem ser lavadas e armazenadas) e uso de biodefensivos para uma platéia por ora estimada em 200 pessoas.
Para o sociólogo da Emater Alcir Borges, um Festival de tal porte “é um instrumento importantíssimo para dar visibilidade ao produto, aos produtores e ao contexto socioeconômico que o município representa, como um polo produtor de goiaba com capacidade de abastecer o mercado local e se estender para o nacional e internacional. Além disso, é uma oportunidade de incremento de negócios, em que produtores, compradores e consumidores se encontrarão e poderão trocar idéias e fechar contratos”, festeja.
Aline Miranda – Emater