domingo, 19 de setembro de 2010

MARABÁ, O Poema, A História


Fotos: O antigo Cine Marabá de  São Paulo, que não existe mais, a orla do rio Tocantins em Marabá e a praia da Gaivota.




MARABÁ, A CIDADE

A cidade de Marabá tem esse nome devido a um comerciante de caucho, uma espécie de seringa, que tinha uma cada comercial chamada "Casa Marabá", ele era leitor de Gonçalves Dias.

A casa Marabá ficava na confluência do rio Itacaiúnas com o Tocantins. O comerciante era Maranhense e gostava do poema "Marabá". A popularização da vila que se formou ao redor do comércio de caucho, teve o nome MARABÁ e virou uma grande cidade.



O poema de Gonçalves Dias - MARABÁ, retrata o sofrimento da india “diferente”.


"MARABÁ" - É a história de um preconceito contra descendentes de franceses com indias do Maranhão, provavelmente Tupinambás,  chamados de Mayraua, depois virou Marabá = Mayra (frances) + aua (indio), os franceses fizeram filhos em muitas indias tupinambá, seus descendentes foram denominados de marabá. 


Quando os franceses foram expulsos do Maranhão, centenas de filhos destes com as indias passaram a ser discriminados, tanto por portugueses como por caboclos de ascendência portuguesa e por indios, eram centenas de filhos sem pai; os novos dominadores não queriam fazer filhos em mulheres "marabá", lembrança do inimigo. Este poema de Gonçalves Dias é a história deste preconceito, que durou muitas décadas no Maranhão. Uma jovem mestiça querendo casar, sua aparência era dominada pela forma européia.  Na verdade Marabá significa "a desprezada".  


MARABÁ  -  
Gonçalves Dias

Eu vivo sozinha; ninguém me procura!
Acaso feitura
Não sou de Tupá?
Se algum dentre os homens de mim não se esconde,
— Tu és, me responde,
— Tu és Marabá!

— Meus olhos são garços, são cor das safiras,
— Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar;
— Imitam as nuvens de um céu anilado,
— As cores imitam das vagas do mar!

Se algum dos guerreiros não foge a meus passos:
"Teus olhos são garços,
Responde anojado; "mas és Marabá:
"Quero antes uns olhos bem pretos, luzentes,
"Uns olhos fulgentes,
"Bem pretos, retintos, não cor d'anajá!"

— É alvo meu rosto da alvura dos lírios,
— Da cor das areias batidas do mar;
— As aves mais brancas, as conchas mais puras
— Não têm mais alvura, não têm mais brilhar. —

Se ainda me escuta meus agros delírios:
"És alva de lírios",
Sorrindo responde; "mas és Marabá:
"Quero antes um rosto de jambo corado,
"Um rosto crestado
"Do sol do deserto, não flor de cajá."

— Meu colo de leve se encurva engraçado,
— Como hástea pendente do cáctus em flor;
— Mimosa, indolente, resvalo no prado,
— Como um soluçado suspiro de amor! —

"Eu amo a estatura flexível, ligeira,
"Qual duma palmeira,
Então me responde; "tu és Marabá:
"Quero antes o colo da ema orgulhosa,
"Que pisa vaidosa,
"Que as flóreas campinas governa, onde está."

— Meus loiros cabelos em ondas se anelam,
— O oiro mais puro não tem seu fulgor;
— As brisas nos bosques de os ver se enamoram,
— De os ver tão formosos como um beija-flor!

Mas eles respondem: "Teus longos cabelos,
"São loiros, são belos,
"Mas são anelados; tu és Marabá:
"Quero antes cabelos, bem lisos, corridos,
"Cabelos compridos,
"Não cor d'oiro fino, nem cor d'anajá."

E as doces palavras que eu tinha cá dentro
A quem nas direi?
O ramo d'acácia na fronte de um homem
Jamais cingirei:

Jamais um guerreiro da minha arazóia
Me desprenderá:
Eu vivo sozinha, chorando mesquinha,
Que sou Marabá!



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